A Bélgica entrou em campo nesta terça-feira, na Arena Fonte Nova, em Salvador, para confirmar seu favoritismo contra os Estados Unidos nas oitavas de final da Copa do Mundo. E como tem acontecido em quase todos os duelos destas oitavas, os belgas sofreram muito, em outro duelo dramático, para vencer os norte-americanos por 2 a 1 na prorrogação, após o 0 a 0 no tempo normal, garantindo assim a vaga nas quartas para encarar a Argentina, no Mané Garrincha, em Brasília, sábado, às 13 horas.
O destaque do duelo foi Lukaku, que saiu do banco na prorrogação para fazer os gols que a equipe tinha perdido durante toda a partida. Com a vitória, a Bélgica confirmou a força de sua nova geração e a passagem para as quartas de final do Mundial de todos os líderes dos grupos da Copa. Aos Estados Unidos, resta contabilizar mais um degrau na evolução do ritmo de jogo da equipe e de sua experiência para encarar grandes adversários.
O JOGO
Logo aos 40 segundos, o time belga mostrou ao que veio ao deixar Origi, que substituía Lukaku, na cara de Howard. O atacante chuto rasteiro para desvio do goleiro norte-americano para escanteio. Na cobrança, a zaga dos EUA afastou. Na sequência, a equipe europeia criou outra oportunidade com De Bruyne, que chutou prensado para ganhar novo escanteio. Os zagueiros norte-americnaos afastaram novamente para fora da área.
O confronto se mostrava muito aberto desde o início, com a Bélgica dominando as ações de criação no meio e encontrando espaço na intermediária dos EUA, que marcavam à distância. A partida ganhava ares de duelo truncado, com muita disputa no meio. Mas os belgas levavam vantagem quando aprofundavam o ataque com Hazard e Mertens, pelas laterais do campo.
Por sua vez, os comandados de Klinsmann tentavam responder nas bolas paradas. Aos 18 minutos, em jogada ensaiada, Dempsey chegou atrasado para conferir para o gol de Courtois. Na sequência, Bradley passou para Dempsey, que concluiu fraco para a defesa do belga. Na resposta europeia, De Bruyne, após jogada rápida de recuperação de Vertonghen, driblou Besler e concluiu para fora, perdendo a melhor chance do duelo até o momento.
Aos 25, outra chance aguda belga, com Vertonghen preferindo cruzar para o meio da área do que chutar direto. Beasley salvou quase em cima da linha. Em outro lance, o atacante Origi demorou para concluir e foi travado por Gonzalez. Aos 33, Jones chutou perto da meta de Courtois após bola bem arrumada por Dempsey, levando perigo ao gol belga.
Aos 38, Van Buyten salvou o que poderia ser o gol norte-americano, em bom cruzamento de Yedlin. As chances criadas não eram convertidas, e o domínio belga não surtia o efeito esperado. O duelo iria para o intervalo com o resultado aberto para as duas seleções.
Na volta para a etapa final, as duas equipes se estudavam muito, demorando a furar a marcação. Até a Bélgica conseguir a primeira chance com Mertens, que assustou Howard em cabeçada após cruzamento de De Bruyne. No escanteio, a sólida defesa dos EUA, que contava com cinco defensores, afastou. Mas os belgas não desisitiam. Aos 6, Fellaini arriscou de longe contra o gol de Howard.
Em nova descida rápida, aos 9, Hazard passou rápido para Vertonghen, que cruzou rasteiro para a área. A bola passou por De Bruyne e Origi perdeu mais uma chance clara de gol, perdendo o ponto de contato com a bola, já sem goleiro. Na sequência, Origi voltou a assustar Howard com uma cabeçada na trave. A pressão belga aumentava a cada minuto. Aos 11, Vertonghen obrigou o goleiro norte-americano a grande defesa com os pés. Na resposta dos EUA, Dempsey quase conferiu após bobeira entre Fellaini e Kompany.
Parecia que os belgas queriam definir o resultado antes de a partida ir para a prorrogação. Após outra boa jogada pela esquerda, Origi cruzou por baixo para Mertens concluir para fora. Após a jogada, o técnico Wilmots tirou o atacante do Napoli para colocar Mirallas, com a intenção de dar mais velocidade ao ataque belga.
Com a pressão dos belgas, a equipe de Klinsmann conseguia resistir bravamente e tentar algumas jogadas no contra-ataque, principalmente com Yedlin. Numa delas, Courtois tirou o cruzamento da cabeça de Dempsey. Na resposta europeia, aos 23, em chute que passou raspando a trave de Howard, Witsel quase abriu o marcador para a Bélgica. Aos 26, em outra chance após jogada de habilidade de Mirallas, Origi concluiu fraco para boa defesa de Howard.
Aos 30, o primeiro “milagre” da partida. Em jogada de Hazard, Origi encontrou Mirallas sozinho entre os zagueiros. Na saída, Howard tirou com a ponta do pé a bola bem colocada do atacante belga. Após esta oportunidade, o duelo voltava a ficar muito aberto e a ganhar ares dramáticos no seu final, como com quase todas as oitavas de final deste Mundial, à exceção da vitória da Colômbia sobre o Uruguai.
Apesar da boa atuação de Howard, a Bélgica pressionava em busca do gol, que livraria a equipe de uma prorrogação desgastante. Em mais uma jogada na área norte-americana, Kompany encontrou Van Buyten entrando na área. O zagueiro do Bayern de Munique foi travado em cima da hora, com desvio para escanteio de Besler. Na sequência, em outra “pancada” de Origi, Howard espalmou para escanteio.
A Bélgica fazia um verdadeiro bombardeio contra o gol dos EUA, muito bem defendido por Howard. Aos 42, na que seria a penúltima chance belga no tempo normal, De Bruyne passou para Hazard entrar sozinho na área, pela esquerda. Mas o atacante do Chelsea, um pouco apagado no duelo, chutou na rede pelo lado de fora.
Na sequência, Kompany quase fez depois de receber passe rasteiro de De Bruyne. Howard, mais uma vez ele, mandou para escanteio. Mas no último lance do jogo, Wondolowski perdeu a chance do jogo para os EUA, quando recebeu na cara de Courtois após cabeçada de Jones. O atacante, que tinha entrado no lugar de Zusi, sentiu todo o peso da classificação nos seus pés e chutou para fora na saída do goleiro belga. As oitavas iriam mais uma vez para a prorrogação nesta Copa.
Prorrogação
Logo no início da prorrogação, a Bélgica desencantou. Lukaku ganhou no tranco de Besler, saiu livre na entrada da área e rolou para trás. A zaga ainda desviou, mas De Bruyne dominou, tirou o bloqueio e concluiu no canto de Howard. Enfim os belgas conquistavam a vantagem no placar.
Após o gol, os EUA saíram para o jogo e deixaram o contra-ataque para os belgas. Em duas oportunidades, uma com Vertonghen e outra com Lukaku, os europeus quase ampliaram. Aos 10, Lukaku recebeu de Hazard e outra vez Howard fez defesa sensacional. Os belgas buscavam resolver a partida e garantir a vaga nas quartas contra a Argentina. E resolveram com o próprio Lukaku, na devolução do presente de De Bruyne, que deixou o atacante livre para fuzilar no ângulo de Howard, já na grande área.
No segundo tempo, os EUA foram com tudo para cima e logo no primeiro minuto, Green aproveitou bobeira da zaga belga e marcou para os norte-americanos, botando fogo no confronto. Na sequência, Wondolowski completou para fora um bom cruzamento de Yedlin. Aos 4, em outra jogada individual de Lukaku, Howard salvou os EUA em outra defesa espetacular com os pés.
Mas aos 8, no que poderia ser o empate do duelo, em jogada ensaiada perfeita, Dempsey deixou a bola escapar e concluiu em cima de Courtois. A Bélgica pedia para a partida acabar. Os EUA ainda fariam algumas jogadas aéreas, mas a vitória ficou com os belgas no fim.
FICHA TÉCNICA
BÉLGICA 2 x 1 ESTADOS UNIDOS
BÉLGICA – Courtois; Alderweireld, Kompany, Van Buyten e Vertonghen; Witsel, De Bruyne, Fellaini, e Hazard (Chadli); Mertens (Mirallas) e Origi (Lukaku). Técnico: Mark Wilmots.
ESTADOS UNIDOS – Howard; Johnson (Yedlin), Cameron, Gonzalez, Besler e Beasley; Bradley, Bedoya (Green), Jones e Zusi (Wondolowski); Dempsey. Técnico: Jürgen Klinsmann.
GOLS – De Bruyne, aos 2, e Lukaku, aos 14 minutos do primeiro tempo da prorrogação; Green, a 1 minuto do segundo tempo da prorrogação.
CARTÃO AMARELO – Kompany (Bélgica); Cameron (Estados Unidos).
ÁRBITRO – Djamel Haimoudi (Fifa/Argélia).
RENDA – Não disponível.
PÚBLICO – 51.227 presentes.
LOCAL – Arena Fonte Nova, em Salvador (BA).