O presidente da CBF, José Maria Marin, apresentou oficialmente nesta terça-feira, na sede da entidade, no Rio, o novo técnico da seleção brasileira. Dunga foi escolhido para substituir Luiz Felipe Scolari, que pediu demissão logo após o término da participação do Brasil na Copa do Mundo, e retorna ao cargo após ter ficado um ciclo de quatro anos, entre 2006 e 2010.
Campeão da Copa América de 2007 e da Copa das Confederações de 2009 na sua passagem anterior pelo cargo, Dunga foi demitido por Ricardo Teixeira, então presidente da CBF, logo após a eliminação da seleção brasileira diante da Holanda nas quartas de final da Copa de 2010, na África do Sul.
Naquele período, o técnico também terminou as Eliminatórias Sul-Americanas da Copa de 2010 com o Brasil na liderança. Entretanto, amargou o fracasso com a seleção olímpica nos Jogos de 2008, em Pequim, quando caiu por 3 a 0 diante da Argentina. Ao todo, foram 60 jogos, com 42 vitórias, 12 empates e seis derrotas.
Quatro anos depois de sua demissão, o capitão brasileiro na campanha do tetracampeonato mundial de 1994 acabou sendo escolhido mais uma vez para tentar recolocar o Brasil no caminho das vitórias após ter amargado a derrota mais vexatória de sua história no último Mundial (o fatídico 7 a 1 sofrido diante da Alemanha nas semifinais).
Com carreira curtíssima como técnico até aqui, Dunga voltará a desempenhar a função depois de ter comandado o Internacional no ano passado, quando se sagrou campeão gaúcho. Esse foi o seu único trabalho fora da seleção como treinador.
Novamente alçado ao posto de comandante da seleção, Dunga anteriormente assumiu o cargo após o Brasil ter sido eliminado pela França nas quartas de final da Copa de 2006, então sob o comando de Carlos Alberto Parreira.
Na época, Ricardo Teixeira via Dunga como o nome certo por ter o perfil de um profissional linha-dura, famoso também pelo poder de liderança enquanto jogador. Mas, até então, ele não tinha experiência como técnico e sua chegada então serviu como uma resposta aos críticos da preparação da seleção do Brasil para a Copa realizada na Alemanha. O clima de “oba-oba” em Weggis, na Suíça, local escolhido como base do time nacional, e a suposta falta de pulso firme de Parreira pesaram para a escolha de Dunga naquela ocasião.
Na sua volta à seleção, Dunga irá reencontrar Gilmar Rinaldi, ex-goleiro campeão mundial como reserva na Copa de 1994, que na semana passada foi apresentado oficialmente como novo coordenador de seleções da CBF.
Os primeiros compromissos da seleção brasileira sob o comando da nova comissão técnica serão realizados em setembro, nos amistosos contra Colômbia e Equador, respectivamente nos dias 5 e 9, nos Estados Unidos. Confira aqui 6 motivos que podem explicar a escolha por Dunga.
1. Treinador “linha-dura”: assim como em 2006, na Copa da Alemanha, a CBF acha que a Seleção esteve muito exposta durante o Mundial de 2014. Por isso, seria necessário contratar um técnico que blindasse a equipe – e foi assim que Dunga foi chamado para treinar o Brasil pela primeira vez.
2. Sabella, Tite e Muricy Ramalho não eram opções: Sabella já teria sido sondado por José Maria Marin, presidente da CBF, em plena premiação da Copa de 2014, mas não quis saber de conversa, já que alega querer tirar férias. Tite, por sua vez, nem foi cogitado pela entidade, pois possui ligação com o principal rival político de Marin, Andrés Sanchez. Muricy Ramalho já recusou o mesmo convite em 2010 e supostamente faria muitas exigências para assumir o cargo.
3. Parceria com Gilmar Rinaldi: novo coordenador-técnico da Seleção, Gilmar Rinaldi tem um bom relacionamento com Dunga. Embora não sejam melhores amigos, os dois se dão muito bem desde quando atuaram juntos pela Seleção em 1994 (Gilmar era goleiro reserva).
4. A CBF acha que Dunga foi bem: apesar de ter levado a Seleção apenas ao sexto lugar no Mundial de 2010, a CBF aprovou o trabalho de Dunga, que contabilizou o título da Copa América de 2007 e da Copa das Confederações em 2009. O técnico teria feito um bom trabalho até mesmo na Copa da África, na opinião da entidade.
5. Dunga teve boa atuação nas Eliminatórias: para a Copa de 2014, o Brasil não precisou disputar a etapa de qualificação das Eliminatórias por ser o país anfitrião. Por outro lado, o carimbo no passaporte para o Mundial da Rússia depende dos 18 jogos das Eliminatórias Sul-Americanas – e Dunga tem experiência nessa fase, pois fez uma boa campanha na Copa anterior.
6. Romário vai aprovar: agora deputado federal, o ex-jogador Romário frequentemente faz críticas pesadas à atual cúpula da CBF. Se ele classificou a escolha de Gilmar Rinaldi como “sacanagem ou pegadinha”, o mesmo não deve acontecer com o anúncio de Dunga, já que o “Baixinho” tem um uma relação cordial com o ex-companheiro de Seleção.